Não sei.
Na verdade sabemos, mas não
sabemos explicar.
Pode ser culpa das palavras, mal acabadas.
Pode ser culpa de ninguém.
Pode ser culpa de nós mesmos.
Sobre quem é você eu sei. Você é
aquele sorriso. Aquele sorriso que atrai outros sorrisos, que no fundo o invejam
porque não são como o seu. Os deles são sorrisos artificiais, que sorriem para lentes
de uma câmera. O seu sorriso é diferente, pois nele vejo tudo pelo que me
apaixonei. E por mais que minhas lágrimas tentem densefocá-lo, eu sorrio por
dentro também porque sinto ele em mim.
Você é a sua beleza. Seu jeito único
de pronunciar as palavras que me faz rir e chorar.
Você é o seu jeito de andar, e de
correr, e de deitar a cabeça em meu colo pra me manter ali, paralisado sob o
seu sono.
Você é a sua inteligência que
ostentas sem perceber, e sem precisar mostrá-la.
E sem perceber também, a vida
parece que nos obriga a viver momentos em que não somos nós mesmos. Estranhamos.
Afinal eu serei sempre eu, como posso não ser eu mais? Ser e estar são a mesma
coisa, um ser é conjunto de vários estares, nada mais. A alma brinca de artista
mas sempre recebe os mesmos aplausos no final.
O que me acalma é a certeza do
que foi dito anteriormente. O sorriso mudou de cor, mas não de sentido. E não
deixou de ser sentido. Se hoje ele é mais raro, é porque se valorizará. Se hoje
ele é unitário, é porque virá mais seguro. Se hoje ele não veio, é porque vem
maior no dia seguinte.
De mim sei pouco, mas o que sei,
sei que é vivo. Se te devo desculpas, as peço e me entristeço. Se não as devo,
lhe peço ainda assim, porque sou frágil. Fragilidade que você mesmo me escancarou numa tarde de céu
alaranjado.
De nós, isso é o que sei.
Do futuro, nós quem somos. Nós
sabemos.